Comentários Económicos sobre as Presidenciais Americanas

15 02 2008
José Henriques Correia

Investigador ITD

Em 1992, na campanha presidencial, James Carville, então assessor da campanha de Bill Clinton, criou a frase “É a economia, estúpido!”. Esta frase, Resumia o factor decisivo para a vitória de Clinton sobre George Bush pai naquele ano – os eleitores estavam mais preocupados com a crise económica que com o triunfo de Bush na Guerra do Golfo.

Em 2008, com a crise do crédito imobiliário, com o barril do petróleo a alcançar os 100 dólares, com o preço dos bens a atingirem o valor mais elevado desde 1990 (4,9%) e o desemprego a aumentar (4,7%), o desequilíbrio económico assusta todos os americanos. Nas pesquisas de opinião feitas por todos os candidatos, a economia é o tópico apontado como o de maior interesse, batendo a situação no Iraque e a ameaça do terrorismo. “A discussão agora, não é se teremos uma recessão, mas se ela já começou”, disse ao Financial Times, Austan Goolsbee, um dos principais assessores económicos de Barack Obama. “Os incentivos económicos prometidos recentemente pelo presidente Bush são poucos e chegam tarde demais”, afirma Goolsbee ao referido jornal. Os economistas ligados a outros candidatos democratas transmitem a mesma análise. Entre alguns republicanos, a ideia é a mesma, ainda que não seja declarada abertamente. Os remédios receitados e prometidos por democratas e republicanos apresentam no essencial os mesmos conteúdos: os incentivos fiscais. A diferença está sobretudo na dose.

Para os republicanos, o corte geral de impostos – principalmente para os investidores dos sectores produtivos e financeiros – parece um consenso. Repetem, assim, a fórmula proposta desde o Governo de Ronald Reagan (1981-1989) em que a tese do “efeito cascata” e o corte de impostos para as camadas mais ricas, activa a economia, resultando em maior investimento e em aumento do nível de consumo. No entanto, George W. Bush, já repetiu essa fórmula durante os seus dois mandatos. Neste contexto, segundo Douglas Holtz-Eakin, assessor económico de John McCain, “Os republicanos têm certos dogmas, e um deles é o de redução de impostos, é difícil um candidato receber apoio do partido se não prometer seguir esta linha”. John McCain foi o único que não assinou um documento elaborado por um poderoso grupo de pressão contra os impostos, prometendo não aumentar os impostos e taxas que actualmente existem nos EUA. McCain, no entanto, não pode dizer abertamente que é contra o “corte” de impostos, pois perderia o apoio de um tradicional segmento republicano, o dos conservadores fiscais. O que MaCain propõe, como todos os seus concorrentes, são incentivos fiscais para a classe média e baixa, proporcionando dessa forma, o envio de ajuda para aqueles que estão a sofrer mais com a crise no crédito imobiliário e estão em pré-falência.

No campo democrata, Hillary Clinton lançou uma ambiciosa promessa de incentivos na ordem dos 70 bilhões de dólares, caso seja eleita presidente. No dia seguinte, Barack Obama fixou seu número em 75 bilhões de dólares, e John Edwards “cobriu a oferta”. Esses incentivos seriam distribuídos de várias formas: aumento do auxílio a todos os cidadãos que estejam no desemprego, ajuda aos Estados e cidades em pior situação financeira, investimentos em melhoria de infra-estruturas e em pesquisas na área das energias alternativas, entre outros. Hillary Clinton propõe até a moratória para os incumpridores das hipotecas imobiliárias. Barack Obama oferece incentivos semelhantes, mas a sua maior promessa é a retirada “o mais rápido possível” das tropas que estão no Iraque e que custam diariamente 275 milhões de dólares aos americanos. Nesta base, os problemas económicos e sociais são elevados, “Qualquer que seja o eleito, ele assumirá um país em ruínas e terá pela frente um árduo trabalho de recuperação, que pode demorar o intervalo de uma geração”, diz o economista Paul Krugman ao Financial Times.

Estes comentários reflectem dificuldades enormes para a economia dos EUA e para a economia mundial. Para a Europa e para Portugal, as dificuldades aumentarão substancialmente, todos sabemos que Portugal exporta bastante para a Espanha, para a Alemanha e para a França, ora, estes países de acordo com António Nogueira Leite numa entrevista à revista Focus, exportam bastante para os EUA, em consequência da crise económica nos EUA, os referidos países vão deixar de exportar as mesmas quantidades porque os EUA face à crise económica e face à desvalorização do dólar vão importar menos, isso reflecte-se em Portugal, porque se a Espanha, a Alemanha e a França exportarem menos, também não podem importar tantos produtos portugueses, proporcionando desta forma, uma crise mundial generalizada. A forma de combater isto, é os EUA resolverem a sua situação económica, todos os programas eleitorais têm essa preocupação, o problema é o tempo que a recuperação económica levará, esperemos que para bem do nosso país, o período seja o mais curto possível…


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