Num anúncio em que a candidatura de Barack Obama começa por fazer alusão às fracas credenciais de John McCain no que aos temas económicos concerne (enunciadas pelo próprio), Barack Obama questiona a escolha da candidata a Vice-Presidente Sarah Palin, salientando o momento do debate dos vice-presidentes em que esta “pisca o olho” aos telespectadores.
Um sinal evidente de tal problema será evidentemente o facto de este tipo de notícias virem a público. As principais críticas que lhe fazem vão no sentido de esta tentar impor um certo distanciamento entre si e o candidato republicano.
Daqui a pouco Joe Biden e Sarah Palin enfrentam-se num debate na Washington University, em St. Louis. A moderadora é a repórter da PBS Gwen Ifill. A blogosfera conservadora avançou, pela parte de Michelle Malkin, que Ifill, uma mulher negra, pretende a vitória de Joe Biden, uma vez que o seu livro sobre Barack Obama venderá muito mais caso o Senador do Illinois seja eleito presidente. Depois de o LA Times ter surgido também com esta questão,John McCain já expressou a sua total confiança no trabalho da jornalista da PBS:
Utilizando uma parte do seu discurso na Convenção Republicana, Sarah Palin critica os planos de Barack Obama relativos aos impostos, questionando os eleitores sobre se eles irão, efectivamente, ajudar a economia americana.
Neste novo anúncio, a campanha de John McCain faz uma comparação directa com de Sarah Palin com Barack Obama, dando destaque à experiência da Governadora do Alaska, em detrimento da experiência do Senador do Illinois.
Joe Biden reafirma aquilo que Barack Obama já tinha dito, a situação que envolve a filha de Sarah Palin não será alvo de campanha. Uma questão: até que ponto ao reafirmar tão solenemente que não farão campanha sobre o assunto, os democratas não estão a fazer campanha, uma vez que estão a enaltecer a sua personalidade?
McCain já teria conhecimento da gravidez de Bristol Palin (filha de 17 anos de Sarah Palin). Acredito perfeitamente, até porque é pouco provável que o eleitorado conservador (aquele que acredita na abstinência como comportamento sexual dominante antes do casamento) mude o seu voto para o candidato democrata. Praticamente impossível mesmo.
A escolha de McCain da Governadora do Alaska, Sarah Palin, para sua Running Mate foi uma total surpresa. Este factor (surpresa) conseguiu logo à partida um primeiro objectivo: apagar por completo a presença do discurso de encerramento da Convenção Democrata dos media, que muitos consideraram como um dos seus melhores. Neste momento, a pouco mais de dois meses das Eleições, McCain, Palin e os republicanos dominam os media. A ideia era exactamente essa.
Quanto à escolhida, é vista como representante da base conservadora do GOP, uma nova cara que virá do exterior para reformar Washington e com experiência executiva: algo que nem Obama nem Biden têm. Mais, como mulher, mãe de cinco filhos (um deles com Síndroma de Down), fervorosamente pró-vida e caçadora de Alces (membro efectivo da National Rifle Association) irá servir de apelo ao voto com as mulheres (quiçá frustradas pela derrota e não nomeação de Clinton), aos moderados (ansiosos por uma mudança) e ainda solidificar o voto da tradicional base de apoio do GOP (pró-vida, NRA e 5 filhos). Posto isto, muitos dos republicanos, baseados nestes factores, afirmam tratar-se de uma excelente escolha.
Não obstante os mais que óbvios elogios dos republicanos, este não será o pensamento dos democratas. Primeiro, vêem a Governadora do Alaska como uma segunda escolha, uma vez que Mitt Romney não estará interessado, vislumbrando uma vaga de fundo daqui a quatro anos, seja para desafiar Obama ou para cumprir o segundo mandato do ciclo republicano, uma vez que será pouco provável um segundo mandato de McCain. Os democratas argumentam ainda com a total inexperiência de Palin que não estará preparada para a eventualidade de ter de ser empossada Commander-in-Chief, uma vez que no seu currículo conta apenas com seis anos de experiência como Mayor de uma cidade de 5400 habitantes e 21 meses como Governadora de um Estado com um quarto da população de Brooklyn.
No que aos observadores mais isentos concerne, estes estarão certamente ainda a tentar descobrir o verdadeiro significado desta opção. Ora, se o principal argumento de McCain diz respeito à sua superior experiência em relação a Barack Obama, como pode a sua primeira esolha pessoal ser alguém com tão pouca experiência? Não lhe retirará isso algum significado àquela que até agora tem vindo a ser a sua campanha? Com tantos nomes com garantia de experiência (Romney, Ridge, Pawlenty ou Sanford) porquê uma total desconhecida que, ainda por cima, está a ser investigada por eventuais problemas éticos no poder legislativo Estadual (que os próprios republicanos controlam)? No que estará a campanha do Senador do Arizona a pensar?
A resposta poderá estar numa mudança de paradigma. Ou seja, depois de desgastar o argumento da falta de experiência ( que Obama rebateu de forma brilhante no encerramento da Convenção), tenta uma nova abordagem. Um Maverick acompanhado de uma mulher, que tentará angariar os votos os eleitores frustrados com a não nomeação de Hillary Clinton que obviamente correspondem às divisões criadas no seio dos Democratas. Estes votos somados à tradicional base de apoio do GOP poderão muito bem significar uma eleição garantida.
O Professor Doutor Paulo Pereira de Almeida preparou uma excelente síntese daquelas que são as principais diferenças entre John McCain e Barack Obama nos assuntos que interessam nesta campanha. Agora que o novo Presidente dos Estados Unidos irá ser eleito é de todo pertinente ter consciência das suas ideias sobre todos os temas.
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